Trilha da Cachoeira do 21 - Lençóis x Capão / Chapada Diamantina


Considerado a Meca do trekking brasileiro, a Chapada Diamantina possui como principal característica o ambiente seco da Caatinga. As pequenas porções de Mata Atlântica também se destacam, em especial entre os paredões dos cânions e os profundos vales. Foi no ambiente úmido e bastante verde deste bioma que a equipe AventurasECO registrou uma gama de incríveis imagens da fauna e flora de uma das mais perigosas travessias do Parque – a Trilha do 21, que vai de Lençóis ao Vale do Capão ou vice-versa.

 Ao chegar a Lençóis o tempo se encontrava fechado, céu nublado e aquela atmosfera de dia anoitecendo. Iniciamos a trilha por volta das 06h00min h da manhã, fizemos os primeiros registros logo nos metros iniciais da rodoviária ao centro da cidade. A trilha em direção à Cachoeira do 21 começa ao lado do principal hotel da cidade . A caminhada inicial até o topo da Serra do Grisante levou pouco mais de 2 horas, pois, é no seu topo onde a trilha se bifurca em determinado ponto, e as trilhas de travessia se mostram. 




Como nosso destino era a travessia mais técnica do PNCD, deixamos de lado a trilha da direita – também conhecida como Trilha das Mulas, e passamos a deixar nossas pegadas na trilha da esquerda descendo em direção ao Rio Ribeirão, o mesmo que mais embaixo forma a famosa Cachoeira do Sossego. Fizemos nossa primeira parada para um café e uns registros e logo em seguida atravessamos o rio objetivando adentrar o cânion do Rio Fundão, por onde a travessia do 21 prosseguia. 

Sem dúvidas o ambiente úmido e de floresta densa deste cânion é de impressionar. As pedras altamente escorregadias já era um aviso de que a caminhada não seria nada fácil – como realmente não foi. Muitos escorregões e muitas gargalhadas fizeram parte das 4 horas de caminhada dentro deste cânion, mas também belas paisagens, algumas inclusive bem diferentes de outras trilhas que visitamos. Encontramos muitas espécies de plantas, insetos, fungos e outros bichos – registramos o que podemos. Porém, desde o início da jornada de caminhada, não houve cenário mais impressionante do que a imensa queda d’água que forma a Cachoeira do Fundão, um verdadeiro espetáculo do mundo natural. Ficamos alguns minutos contemplando e registrando aquele momento único daquela cachoeira localizada exatamente no fundo do cânion (por isso o nome Fundão). Mas se pensávamos que a pior parte havia ficado para trás, as pedras escorregadias e coisas do tipo, então, nos enganamos legal, porque, a escalaminhada do paredão que dar acesso à área de camping desta travessia foi realmente de tirar o fôlego. Precisamos de muita concentração e cuidados redobrados, dado a periculosidade da subida bastante íngreme para os padrões normais de um trekking.

Os galhos e rochas montadas umas sobre as outras foram, segundo os termos da escalada profissional, nossas agarras naturais, indispensáveis para a subida do paredão, mas a experiência e disciplina da equipe superaram as expectativas, a subida foi tranquila e o fim do primeiro dia foi com uma breve visita na parte superior da Cachoeira do Fundão e as montagens das barracas na área de camping do 21. Área com grama e aberta realmente proporcionou conforto, tanto conforto que até assamos uma carne do sol em uma fogueira sobre pedras. A comida ficou divina, acho que nunca comemos uma carne tão gostosa como aquela. O pernoite foi revigorante. Amanhecemos e fizemos um café de primeira, com direito até a mel no pão recheado com queijo coalho e patê. Energia indispensável para a continuação de nossa jornada em direção ao Vale do Capão.


O segundo dia continuou sendo sob a densa Mata Atlântica, passamos na Cachoeira do 21, mas estava sem água. Mas a viagem até aquele ponto não foi em vão, pois, a natureza nos presenteou com um belo exemplar de uma Chironius aff flavolineatus, também conhecido como Cobra-espada.  O bicho totalmente dócil permitiu que registrássemos belas fotos. Após um banho no poço da Cachoeira do 21, seguimos pela trilha com destino ao Córrego Branco, na realidade o leito do Rio Branco formado por pedras marcadas por líquens brancos, por isso o nome. No final deste trecho finalmente chegamos ao surreal Córrego Verde, uma parte da travessia muito diferente de todas que já vimos em outras trilhas, em especial por tudo ser literalmente verde, as rochas do leito do rio, os troncos, os barrancos – tudo verde! Os líquens e musgos eram os responsáveis pelo incrível efeito de cor verde-vivo deste local. 
Cachoeira do 21 (sem água) - Poço do 21





Durante cerca de 2 horas de caminhada nesta parte da travessia alcançamos o topo da Serra da Larguinha, onde se encontra um lajedo que dar acesso à trilha da Cachoeira da Fumaça para ser vista de cima. Este lajedo, inclusive a facilidade de se perder, tudo por conta de possuir várias trilhas adjacentes que não dão em lugar algum, feitas por pessoas que por estarem perdidas resolveram arriscar para ver se daria na trilha correta, ou, devido ao fato da trilha ser pouco feita e a vegetação a cobrir, descaracterizando sua referência. Mas nossas experiências mais uma vez fizeram diferença, com o auxílio da bússola e tendo como outras referências alguns morros e o próprio local, conseguirmos encontrar a trilha certa para continuarmos nossa caminhada em direção ao Capão.
 Do lajedo até a trilha da Fumaça, há mesma muito utilizada por turistas para ir até a cachoeira e ver sua impressionante vista do alto, levou mais ou menos 2 horas de caminhada. Ao encontrarmos a trilha decidimos dar uma passada na Fumaça onde almoçamos e fizemos alguns registros. Cruzamos com muitos turistas durante a ida, já na volta nossa equipe contou apenas com as belas paisagens dos Gerais da Fumaça e o Sol se pondo por detrás das montanhas da Serra do Esbarrancado, o que definitivamente fechou a travessia com chave-de-ouro.

GALERIA:

Cachoeira da Fumaça - Capão - Chapada Diamantina Bahia

Início da Trilha



Córrego Branco
Cachoeira do Fundão - Chapada Diamantina

Base de acampamento, depois da cachoeira do fundão.



Córrego Verde - Chapada Diamantina


VÍDEO:


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